sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Para além das redações, jornalistas encontram diferentes possibilidades

Com a chegada das novas tecnologias, profissionais da área encontram mercado forte e dinâmico. Empreendedorismo é uma das opções

Por volta de 69 a.C. surgia o mais antigo jornal que se tem notícia, o Acta Diurna, em Roma, na antiga República Romana. Com a invenção do tipo mecânico móvel para impressão de Johannes Gutenberg, em 1447, iniciou a Revolução da Imprensa. Datas à parte, faz muito tempo que a informação está no cotidiano da sociedade. Tudo o que o cidadão sabe sobre política, por exemplo, é por meio da imprensa. Ao se levantar, uma das primeiras coisas que o ser humano faz é ligar o rádio, a TV ou ler o jornal. E por trás desses hábitos, dessa cultura, está o jornalista..

Amado e odiado por muitos, esse profissional da comunicação já passou por diferentes momentos durante a história da profissão. Hoje, muitos dizem que o Jornalismo encontra-se numa crise, onde, como um dos fatores, a qualidade dos textos deu lugar à quantidade. Essa mudança se dá pelo surgimento de novas tecnologias, onde outras carreiras também estão sendo impactadas. “Mas, como toda crise, ela traz no seu bojo novos cenários e novas oportunidades”, ressalta o coordenador do curso da área na Unisinos, Edelberto Behs.

Na opinião do professor, para os jornalistas o horizonte é promissor. ”A revolução tecnológica o torna mais autônomo e independente. Ele está sendo instigado a ser criativo e empreendedor. Seguramente, a quebra do monopólio da midiatização é mais problemática para as empresas de comunicação, porque elas ainda não descobriram a fórmula da sustentabilidade contando com o acesso mais universal que a internet possibilitou à cidadania”, destaca.


Profissão de grande interesse dos jovens

No último vestibular da Unisinos, a graduação em Jornalismo foi uma das mais requisitadas para o campus da universidade em Porto Alegre. Por outro lado, o jornalista é taxado por ser um profissional que trabalha muito e é mal remunerado. Existe um contraste nisso e, para Behs, esse fenômeno mereceria uma pesquisa mais aprofundada. O docente explica que o que se verifica atualmente, no quadro das profissões, é que a linha divisória entre uma e outra está cada vez mais tênue. “À medida que a tecnologia avança, também surgem novas necessidades. Há muito tempo o revisor foi abolido das redações, por exemplo. Hoje, é preciso ser multimídia. Essa revolução nas carreiras permite escolhas diversas além das redações.”

Além das diferentes opções de atuação, a grande procura pelo Jornalismo também se dá pela trajetória acadêmica diferenciada que o curso possui. Durante a graduação, o aluno aprende a zelar pelas narrativas, usar corretamente as diferentes linguagens, desde o texto mais curto e duro ao mais trabalhado e que tangencia a literatura. “Ou seja, é um espaço que ensina como escrever boas histórias. Talvez seja, dos tradicionais cursos superiores, o único que ensina a escrever”, ressalta Edelberto Behs.


Carreira sólida e com boa situação financeira

É possível, sim, ser um jornalista bem remunerado. Assim como em outras profissões, tudo depende exclusivamente do profissional. Como destaca Behs, quem almeja a construção de uma carreira sólida tem que se dar conta de que o processo de aprendizagem, do letramento e da formação cultural é contínuo e constante. “A pessoa terá que ir muito além daquilo que ela recebe e reparte num curso superior, inclusive buscando o aprimoramento do uso das tecnologias e da fluência de um segundo ou, até mesmo, terceiro idioma.”

Na busca do “lugar ao sol”, o jornalista pode atuar em várias frentes, desde a carreira clássica nas redações dos jornais, revistas, rádio e televisão, até na web, como em blogs, sites, portais, editoras, consultorias e assessoria de imprensa. Esta, em especial, é um dos nichos que oferecem as melhores oportunidades, tanto financeiras como para empreender.

Por falar em empreendedorismo, o jornalista que optar por seguir nesse caminho encontra um cenário bem receptivo. Por ser multimídia, talvez o profissional seja um dos mais preparados para as constantes mudanças do mercado. Além de lidar com a coisa mais fundamental para o desenvolvimento da sociedade, a comunicação. 

Porém, para conseguir o sucesso é preciso ter algumas virtudes essenciais: envolver-se, de fato, na proposta que se dispõe a desenvolver, atualizar-se constantemente, ter uma sólida formação humanista, saber se relacionar, ser criativo e, óbvio, não se restringir a ficar apenas sentado diante do computador. “Todo aquele que é diferenciado – e precisa se esforçar para alcançar essa condição – encontra o seu lugar na sociedade”, enfatiza Behs.

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