Sociólogo vê ‘regressão à barbárie’ e analisa o acúmulo de funções, a falta de segurança e a ausência de lazer
Mônica Manir - O Estado de S. Paulo
Elísio Estanque não vai estar dando respostas prontas nesta entrevista. Vindo do Alentejo, ele obviamente não prima pelos gerúndios característicos do infoproletariado, a massa de trabalhadores dos call centers. Mas a questão é mais que gramatical. Esse sociólogo de 61 anos se diz contra seguidismos e alinhamentos cegos. Tem estilo próprio. E vai direto ao ponto: "O que vemos nas duas últimas décadas é uma regressão à autêntica barbárie no mundo do trabalho".
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Caso de Mita Diran (foto) chamou atenção para as jornadas excessivas de trabalho
Professor da Universidade de Coimbra, Elísio sentiu a feia crise em seu país. No entanto, quando fala de barbárie, não trata apenas do desemprego brutal entre os jovens portugueses. Quer discutir por que trabalhadores em geral - e não só os infoproletários - se distanciaram dos sindicatos e se trancafiaram num "individualismo negativo", sem direitos sociais básicos. "Ninguém imaginava que, mesmo nas democracias avançadas, iriam surgir fenômenos de degradação humana nesse nível", afirma.
Ele fala de acúmulo de funções, de falta de segurança, de alta rotatividade, de vigilância escamoteada, de ausência de lazer, de exaustão. Opina sobre o paradigma desenvolvimentista do Brasil, onde a taxa de desemprego de novembro, 4,6%, é mínima histórica. Também tem interesse em comparar a classe média portuguesa com a nossa "nova classe média", de que ele desconfia, e faz isso tudo a partir de Campinas, onde está desde janeiro como professor visitante da Unicamp, em companhia da mulher ucraniana.
Leia a íntegra da entrevista publicada no Estadão.
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