por Bruno Rodrigues (*)
Ainda sob efeito dos resultados dos prêmios Comunique-se e Online Journalism, chego a uma conclusão: os noticiosos web chegaram ao topo da montanha.
Isso significa que, agora, a tarefa é olhar em volta e escolher um pico ainda mais alto para se alcançar. Como executar tal tarefa? Boa pergunta. Porque, além de ter fincado a bandeira no topo da montanha, o jornalismo online bateu no teto.
É pouco (ou nada) provável que tenhamos alcançado o topo do mundo. O estágio atual dos noticiosos online está mais para K2 que Everest – segunda posição, portanto.
Mas, ao contrário do que vinha acontecendo de 2002 para cá - quando blogs, vídeos, podcasts, notícias no celular, distribuição de conteúdo via RSS e a participação do leitor mudaram a cara do jornalismo na web - a poeira está baixando. Amadurecemos, e isso é bom.
Chegar ao topo significa poder olhar para o lado, ainda que por um instante, e estamos exatamente neste momento de reconhecimento. Para onde ir, afinal, se a convergência de mídias tão falada há dez anos agora é parte da realidade? E se o leitor hoje não só interfere, mas produz notícia, como criar novidades na relação com o público?
Neste final de 2008 vejo um natural ‘correr atrás do rabo’. As tecnologias que conquistamos estão sendo retrabalhadas, lapidadas, divulgadas mais uma vez, mas tudo já se viu antes – um antes que remete a ‘agora há pouco’, mas ainda assim, antes. Todas as tecnologias foram assimiladas pelos leitores em um processo de transferência de conhecimento que entrará para a História.
Para enxergar o que vem por aí, então, a solução não está em olhar para frente, mas entender melhor onde chegamos sob o ponto de vista da evolução da atividade jornalística.
Não é a primeira vez que uma nova mídia assimila recursos à disposição. Aconteceu com o rádio e com a televisão. Ambos aproveitaram ferramentas para incrementar ainda mais sua atividade-fim – a apuração e a produção de notícias. O rádio abraçou a cobertura em tempo real, a televisão criou novos horizontes para a imagem e as ferramentas escolhidas fizeram com que o Jornalismo desse um passo adiante.
Em suma: batemos no teto porque veículos e leitores já aprenderam a usar as novas ferramentas de hoje. O que surge em meio à poeira é o bom e velho Jornalismo, e era assim que esperávamos que acontecesse. Ferramentas existem para serem usadas, nunca para receber mais destaque do que quem as utiliza.
Se a tecnologia não é mais destaque, o que virá agora?
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(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, "Webwriting - Pensando o texto para mídia digital", e de sua continuação, "Webwriting - Redação e Informação para a web". Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete 'Webwriting' do 'Dicionário de Comunicação', há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.
Fonte: http://www.comunique-se.com.br/
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