quinta-feira, 12 de setembro de 2024


 Apesar dos avanços, estigmatização e transfobia ainda estão presentes na mídia

por Eduardo Bandeira

São 21h30. Os créditos finais do jornal deslizam pela tela, enquanto o narrador, com voz serena, anuncia que a novela está prestes a começar. Assim são as noites de milhares de brasileiros, em um país em que a telenovela é um de seus principais produtos culturais.

Uma das principais razões para a popularização dessa forma de ficção televisiva é a sua representação da realidade, por meio de personagens que refletem questões sociais, econômicas e culturais, e que enfrentam batalhas que fazem alusão às experiências dos telespectadores, gerando identificação.

Em sua pesquisa de mestrado, o jornalista Mario Camelo se propôs a analisar como, ao longo do tempo, a imprensa brasileira abordou personagens transexuais e travestis em novelas. O estudo foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (PPGCOM/UFG), sob orientação do professor Alexandre Tadeu dos Santos.

O levantamento realizado para a identificação da cobertura jornalística revelou um cenário de sub-representação: de 84 novelas levadas ao ar pela TV Globo de 2012 a 2022, apenas 19 tiveram personagens trans representados, o que equivale a 22,6% do total.

Antes disso, porém, personagens transexuais marcaram o audiovisual brasileiro. Em 1995, a personagem Sarita Vitti, interpretada pelo ator Floriano Peixoto na novela "Explode Coração", chamou a atenção do país. Na época, a personagem foi severamente marginalizada e ridicularizada na mídia.

"Eu me lembro de assistir à personagem na televisão, e quando entrei no mestrado decidi que queria estudá-la. Então fui pesquisar as notícias sobre ela e encontrei um mar de transfobia", relata o pesquisador.

 

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