por Mauro Segura *
Luiz é recrutador da
empresa XYZ. Estava com a responsabilidade de contratar determinado
especialista para a empresa e, de repente, após seis meses de longa busca no
mercado, chegou a suas mãos um currículo que parecia ser a salvação da lavoura.
O candidato se chamava
Eduardo. O currículo mostrava nível super adequado de formação. Ele tinha
experiência internacional - atuou em duas empresas na Europa. Eram experiências
curtas, mas significativas. Eduardo se dizia autodidata, com disponibilidade
para viajar bastante, capacidade para liderar times multifuncionais, sólido
conhecimento em planejamento e perfil empreendedor.
Luiz pensou:
"Ótimo, agora só falta uma coisa". E seguiu para o passo seguinte:
verificar a presença do candidato na internet. Isso agora é rotina na empresa
de Luiz. Ele constatou que Eduardo contribuia para dois blogs, nos quais
escrevia sobre as áreas em que atua, sempre com boas e inteligentes colocações.
Luiz sorriu, o candidato parecia perfeito.
Porém, em questão de
minutos, também descobriu que Eduardo tinha presença em outros meios na web. No
Facebook, Eduardo contava as suas aventuras nas baladas surgindo em algumas
fotos com bebida alcoólica nas mãos, às vezes parecendo estar bêbado. No
Twitter, escrevia sobre qualquer coisa, muitas vezes usando palavrões e
satirizando o comportamento de pessoas públicas, como artistas e políticos.
Vasculhando um pouco mais, Luiz encontrou citações dele em blogs e fóruns, onde
falava mal do empregador, inclusive contando fatos internos das empresas onde
trabalhou.
Luiz apresentou na
empresa o currículo e o que achou na internet sobre o candidato. Houve três
reuniões sobre o caso, com discussões acaloradas, cuja conclusão foi:
"Apesar de o candidato ter o perfil profissional desejado, ele não atende
ao perfil de pessoas que queremos ter dentro da empresa. Vamos continuar
procurando candidatos".
Luiz telefonou ao
candidato e explicou o ocorrido. Eduardo alegou que a empresa investigou sua
vida particular e que isso não havia sido legal. Luiz disse que ele estava enganado,
pois tudo que a empresa havia levantado era público, afinal tinha por base
registros e rastros que o próprio candidato deixara na web.
O candidato se sentiu
punido injustamente, dizendo que concordava que escreveu algumas coisas
inadequadas na rede, mas que estava o tempo todo tentando apenas ser engraçado.
Para ele, nada daquilo deveria ser levado a sério, pois havia sido apenas uma
brincadeira.
O caso é complexo,
apesar de simples. Existe uma distância enorme de percepção entre o que a
empresa e Eduardo pensam. Para a companhia, o caso é grave, pois Eduardo é bom
profissional, porém com questionável comportamento pessoal. Para o candidato,
aquilo tudo na web era brincadeira sem importância. O caso é verdadeiro.
Obviamente, todos os nomes foram trocados. Situações assim devem estar
ocorrendo aos montes dentro das empresas.
Leia a íntegra no blog A Quinta Onda
* DIRETOR DE MARKETING,
COMUNICAÇÃO DA IBM BRASIL
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