Escrito por Heródoto Barbeiro (*)
A pressa em informar é uma ótima serva, mas uma péssima
senhora. Essa afirmação é inspirada no poema Bagavat Gita, contido no
Mahabarata. Os jornalistas cuidam de publicar uma notícia só quando têm certeza
que o fato ocorreu. Sabem que divulgar alguma coisa que não aconteceu é a mais
constante pisada na bola do código de ética do jornalismo diário, hoje
turbinado com a velocidade dos bits e bytes nas redes sociais.
Os veículos temem que com a pressa possam perder reputação,
o capital mais importante das empresas no mundo contemporâneo, sejam elas de
comunicação ou não. Nem Arjuna, nem Krishna poderiam imaginar que seus
ensinamentos escritos no Século 4 a.C. poderiam ser tão atuais. Publicar só
quando formar convicção sobre o fato. Fora disso é correr o risco de ter que
desmentir o que foi divulgado ou varrer para debaixo do tapete o que resulta em
perda da credibilidade.
Há outros ensinamentos da filosofia oriental que podem
ajudar no trabalho do dia a dia do jornalista. Um deles é o mindfullness,
ou seja, estar imbuído da boa fé, compaixão, concentração e processamento
cognitivo do mundo que está noticiando. Essa prática foi percorrida por
Sidarta, o Buda. Em outras palavras, mindfullness significa
recordar-se continuamente do seu objeto de atenção. No caso do jornalista, é a
notícia. Um descuido e tudo se deteriora com imprecisão, confusão, mistura de
fatos e, finalmente, a construção de uma informação sem fundamento para o
público. O jornalista não pode descuidar um instante do seu trabalho.
(Imagem: notypicalmoments.com)
(*) Apresentador e editor-chefe do 'Jornal da Record News'. Já foi professor de história, carreira que seguiu por quase 20 anos. Na imprensa, passou por CBN, Rádio Globo, Jovem Pan, TV Cultura, TV Gazeta e Diário de S. Paulo. Edita o Blog do Barbeiro – Barba, Bigode e Cabelo, hospedado pelo R7.
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