domingo, 10 de janeiro de 2016

Por que jornalistas vestem roupas corporativas?

Foi-se o tempo em que víamos apresentadores de telejornais de paletó e gravata escondendo bermudas e chinelos por trás da bancada. Hoje devem caminhar pelo cenário apresentando infográficos em telões. Mas por que vemos jornalistas e repórteres em um figurino preferencialmente corporativo? Por que o traje mais informal assemelha-se ao de um funcionário de algum escritório saindo para um “happy hour” ou em algum “day off” concedido pela empresa? Linguagem cênica para um melhor rendimento televisual? Ou sintoma de outra coisa:  a inveja criada pela diferença de classe social entre jornalistas e seus entrevistados, o cimento psicológico do chamado “jornalismo corporativo” posto em prática pela grande mídia.

“Quem se interessou alguma vez pelos atuais problemas da semiologia, já não pode continuar a fazer o nó da gravata, todas as manhãs diante do espelho, sem ficar com a clara sensação de estar fazendo uma opção ideológica. Ou pelo menos de lançar uma mensagem ou um carta aberta a todos os transeuntes que cruzarem com ele no dia-a-dia”, afirmou certa vez o pesquisador italiano Umberto Eco.





Para Eco, o vestuário age como uma gramática com palavras e regras prontas para comunicar mensagens ou ideologias em certos contextos.

Partindo desse tese semiológica, como podemos interpretar a atual tendência do figurino de apresentadores e repórteres em telejornais? Eles, com paletós de boa confecção com atenção aos ombros e lapelas bem acabados; cores escuras entre marinho, preto e chumbo; ternos em estilo italiano, acinturado acompanhando a calça mais acertada. E repórteres na rua com blazers escuros e calças chino caquis ou calças de alfaiataria com camisas mais ajustadas ao corpo.

Elas, costumes femininos de alfaiataria buscando um silhueta única, sem cortes entre saia/calça e blusa. Como afirma o manual interno de figurino do Grupo RBS (Rede Brasil Sul, afiliada à TV Globo) “afirmam melhor a presença da jornalista”.

Também segundo o manual da RBS a modelagem do corpo da apresentadora através da indumentária é uma peça de afirmação – “é a melhor peça das executivas de várias áreas”, declara o manual.

O manual ainda ressalta a importância da roupa para o jornalista: “ambientes de cerimônias exigem que o profissional de televisão se mimetize para não tornar-se uma presença menor e inoportuna”.

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