Foto João Viana
Encerrando o Curso de Economia para Jornalistas, na sede do Ipea em Brasília, o diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto, João Sicsú, abordou temas polêmicos que permeiam o noticiário sobre políticas econômicas no Brasil e no mundo. Começou ressaltando que a taxa de juros básica é, sim, um mecanismo de controle da inflação. Porém, segundo ele, não é o melhor, nem o mais recomendável.
“Essa relação entre juros e controle de inflação é algo que surgiu de 20 anos para cá. A economia nunca tratou, do ponto de vista teórico, o controle da inflação por meio de políticas de controle do nível de emprego, através da taxa de juros”, disse o diretor da Dimac. “Temos que atacar é a causa do problema. Não existe inflação cuja origem seja desconhecida.”
O diretor listou pelo menos três malefícios causados por uma taxa de juros elevada: custo elevado para as despesas públicas, maior dificuldade na formação de reservas e atração de capital estrangeiro em abundância. “Se entra muito dólar, a taxa de câmbio fica valorizada. Quanto mais valorizada, mais dificuldades os exportadores encontram. Por esse canal do câmbio, então, a taxa elevada causa desemprego”, explicou Sicsú.
Em sua palestra, Sicsú lembrou ainda a alternativa de um imposto sobre movimentação de capitais e até a possibilidade de proibição dessas movimentações. “Isso não significa ser de oposição ou de governo. É uma ação pragmática. Proibição em economia não é pecado, há países que já adotaram essa medida.”
Por fim, o palestrante comentou as tradicionais previsões econômicas. “O governo faz previsões porque precisa realizar política de gastos, precisa saber qual é a arrecadação. O sistema finenceiro faz previsões porque opera no mercado e quer influenciar expectativas”, declarou. De acordo com Sicsú, é difícil estimar números exatos. “Economistas erram suas previsões, tendem a errar. Portanto, me assusta quando vejo previsões que têm até segunda casa decimal”, concluiu o diretor.
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